terça-feira, fevereiro 28, 2006















Quando pensamos que a nossa vida está encalhada, eis que aparece alguém que nos dá
a volta. Dois dias depois do jantar anual do encalhado, fui tomar um café ao Clube dos Jornalistas, muito conhecido por ser frequentado por funcionários do Ministério. No balcão, estava uma morena descomunal a fazer-me olhinhos...e eu, cheio de coragem, resisti...(um encalhado é assim)...mas não comsegui e fui-me a ela, salvo seja...

Conversa puxa conversa, descubro que se chama Susana Isabel e que trabalha como acessora na manutenção de conteúdos no Ministério da Justiça. E eu pensei. "Ora bolas, não trouxe a carteira e ela, com um ordenado miserável, não se vai chegar à frente"

- "Deixa estar, eu pago com o meu acréscimo de refeição."

Acabámo-nos de conhecer e ela sai-se com essa? Convidou-me para jantar, diz que tem 3254 razões mensais para me convencer, que temos um futuro em comum e que devíamos apostar na nossa relação.

Acho que vou esperar até ao final do ano para ver o que é que o Alberto decide...

Quando entramos para o clube dos encalhados não queremos outra coisa. Podemos estar a namoricar ou em estado imenso de graça com uma miúda, mas....chega o 14 de Fevereiro...e só pensamos naquele jantar encalhado....Neste primeiro depoimento, quero pedir as minhas sinceras desculpas a uma lista de ex-namoradas, vítimas da força encalhadora:

- Manuela
- Filipa
- Soraia Chaves
- Ana
- Marta
- Cláudia
- Vanessa
- Patrícia
- Merche Romero
- Sónia
- Milene
- Raquel Henriques

Perdoam-me?

quinta-feira, fevereiro 23, 2006


Encalhado musical

domingo, fevereiro 19, 2006


DOMINGO PÓS-PACHANGA

Escrevo num dia de meteorologia temperamental, com a chuva e o sol a disputar as atenções, o vento a abanar as estruturas da sociedade domingueira e uma ligeira dor de cabeça a ilustrar as boas horas a que me deitei.
Nestes dias o tempo passa de outra maneira. O ritual do pequeno-almoço confunde-se com a leitura calma do livro de cabeceira, o passear lânguido pela casa acompanha o som da melodia menos provável, a timidez da ida à janela para "ver o tempo" demora-se e tudo isto parecem excepções à regra ao nervoso miudinho do dia-a-dia.
A combinar com este cenário recordo a noite passada, a tal que me destinou a dor de cabeça simpática que me acompanha. Chamo-lhe simpática porque realmente não incomoda por aí além, é mais a prova da noite anterior e da presença viva da cabeça.
Indo directo ao assunto, informo que a minha intenção é relatar a noite passada e assim o vou fazer sem mais rodeios. Ontem comemorou-se o primeiro aniversário do blog Mundo Pachanga. O jantar foi num escondido restaurante de Santos onde couberam 3 festanças ao mesmo tempo. Os empregados também eles vestidos de verde pachanga, fizeram uma maratona para servir tanta gente e conseguiram que ninguém de lá saísse com fome. Após o divertido jantar as Pachangas distribuíram os convivas por grupos e o grande jogo Pachanga começou. A primeira prova foi um questionário de múltipla escolha sobre o verde Mundo Pachanga. Seguiu-se uma prova que consistia na redacção de cinco frases que caracterizassem o Mundo Pachanga e para finalizar os concorrentes tiveram de interpretar a sua ideia de dança Pachanga. Como estou ligado às raízes do meu povo, juntei uma dança tradicional dos lenhadores de Góis na Serra da Lousã, com um minuete francês do séc. XVI cheio de classe e saiu algo que será lembrado no futuro por todos os presentes.
Depois dos Bisques e das contas feitas partimos em busca de um verde bar e encontramo-lo facilmente. Era verde por fora, laranja por dentro e estava cheio de clientes verdes, nós pela indumentária e os restantes pela idade. Passado pouco tempo, parte o grupo masculino presente começou por provar que pode sair à rua sem envergonhar ninguém, bem pelo contrário. Dando um exemplo de respeito pelo passado e visão no futuro, estreou na capital uma versão da dança dos "Bois de Amarante" ao ritmo da música tecno. Obviamente que as Pachangas ficaram de tal forma contentes com a iniciativa que tentaram ensinar-nos uma dança Pachanga mais oportuna.
No ar havia o plano de conquistar a Jamaica. Confuso com os copos acabei por não perceber se se referiam à fatídica discoteca do Cais do Sodré ou à equipa Olímpica presente em Turim. Seguimos então na direcção do Cais do Sodré e de Turim mas pelo caminho parámos num bar inglês. Desde sempre experimentados na prática do balconismo, o colectivo Pachanga e amigos ocuparam todo o extenso balcão do bar. As conversas fluíram o tempo suficiente para olvidar o plano de conquista da Jamaica e mais bebidos e cansados regressámos lentamente a Santos. Despedimo-nos, dividimos boleias e seguimos caminho.
Uma noite calma e muito Pachanga, para acompanhar de preferência com Debussy e duas pedras de gelo.
Que comemorem muitos mais aniversários são os votos deste Encalhado.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Ritual Anual do Encalhado - Lisboa 14 Fevereiro 2006
versão especial desfocada

Olá, eu sou o Gonçalo, tenho 31 anos e sou encalhado.

Numa época e numa sociedade em que estilos de vida ditos alternativos são vistos com cada vez mais tolerância, é de estranhar que essa bonomia ainda não se aplique a todos aqueles que são militantemente encalhados. Será que esta forma de estar abala tão fortemente os pilares da civilização? Não será, no fundo, este desprezo uma projecção dos medos inconscientes de abandono e rejeição por parte daqueles que nos contemplam com um misto de nojo e piedade?

Chega de nos encapotarmos! Quantos verdadeiros encalhados se escondem sob o manto de um relacionamento que na verdade não suportam, simplesmente por causa sa aceitação social?

É hora de afirmar, orgulhosamente, SIM, SOU ENCALHADO!

ENCALHADOS DE TODO O MUNDO, UNI-VOS!

Amor, carinho, paixão, sexo, fidelidade, segurança, reprodução, partilha, afecto, herança, namoro, noivado, casamento, são alguns dos objectivos atribuídos à partida pela sociedade a cada um dos habitantes do planeta. Inconformados com as barreiras da civilização, os encalhados não estão alinhados.
Nós sabemos que há gente para tudo neste mundo. Há quem goste de tiro aos pratos, há quem adore pescar no Tejo, há quem viva para coleccionar cartões de telefone e há até pessoal que gosta de futebol. O mundo é vasto e com tanta gente a querer ter ideias e ser original, acabamos por ter muito por onde escolher quando falamos da bizarria humana. Entretanto há pessoal a achar graça a ideias parvas, a cretinice faz escola, as religiões acolhem de formas mais ou menos interessante toda e qualquer asneira que um gajo mais esperto e bem sucedido numa época acha bem. Depois quem está mal são os outros. Neste caso nós, os encalhados.
Ser encalhado não se ensina nem se aprende, ou se é ou não é. Ser encalhado é uma tão estranha forma de vida, que até se pode ser sem saber, pensando que não se é, mas no fundo sendo. Numa conjuntura deste género há que lutar pelos nossos direitos e contra uma constante discriminação. Quantas vezes não se foi seleccionado para um fim de semana num turismo rural porque a promoção é apenas para casais? Quantas vezes se é esquecido em casa porque os amigos saem aos pares e não querem "velas" no grupo? Quantas vezes mais é preciso levar com essiemiésses das operadoras por causa do dia do tal Valentim. E quem é esse tal Valentim? Eu fiz a catequese quase toda e nunca ouvi falar dele!
Assim, para dar voz a esta constante discriminação o Movimento dos Encalhados surgiu, quase instantaneamente no dia 14 de Fevereiro de 2005. Já tinha acontecido alguns amigos se juntaram neste dia por serem os únicos que não estavam num hotel qualquer ou num jantar romântico à beira mar com os seus amores. Pensava-se na altura que o problema era estar temporariamente só por essa altura. O pessoal ria-se e quase se desculpava com bocas do tipo, "olha pelo menos poupa-se o guito da prenda, hehehe". A consciência ainda despertava devagar.
De repente no ano passado, de um jantar inocente conjuga-se um colectivo tal que no tempo do Salazar rapidamente seria reprimido. Esse mesmo grupo de pessoas baptiza o jantar, cria um hino e sai para as ruas na primeira manifestação encalhada da história universal. Dessa noite saiu a vontade de aprofundar as nossas intenções e levar mais a sério o protesto.
Apenas um ano passou já foi enviada uma petição para a UNESCO requerendo que o dia 14 de Fevereiro passe a ser o Dia Universal do Encalhado, abolindo o dia dos namorados, S. Valentim ou o que lhe quiserem chamar. Um jantar transformado em Ritual Anual dos Encalhados concretizou-se simultaneamente em Lisboa e no Porto. Com a ajuda da mais recente tecnologia encalhada, os dois grupos trocaram mensagens de voz e imagem e permaneceram activos até às 7 da manhã. O hino, aqui presente no cabeçalho do blog, foi aceite pela Guarda Nacional Republicana, pelo Clube de Ténis de Ponte de Sôr e pela Associação Nacional de Produtores de Cotonetes Coloridas.
O mundo gira e muda a cada momento que passa. O que hoje é azul amanhã pode ser castanho, o que hoje é certo amanhã pode ser analisado pelo Luís Delgado e ser facilmente compreensível face aos dias que correm.
Ser encalhado é trazer até nós a tradição esquecida dos verdadeiros pais da nossa civilização, é apagar os vícios de uma sociedade vestida a rigor para a hipocrisia e desonestidade, é começar o mundo novo que nem nos ousaram prometer, pois não faziam ideia do que era bom.
E com o mesmo mote seguiremos em frente, por um futuro novo e bestial, pá!
Encalhados de todo o mundo, uni-vos!

O encalhadismo


O ano passado foi um ano negro. Comecei como encalhado, e acabei como encalhado. Pelo meio uma aventura que me fez perder o ponto alto do ano para os encalhados. E de certeza que foi a minha ausência em tão mítico evento que me arruinou a vida para o ano inteiro. Este ano certamente tudo irá correr pelo melhor.

Aliás, a julgar pela minha recente taxa de sucesso no euromilhões (não é fácil acertar em zero números tantas semanas consecutivas), e fazendo fá no popular dito tuga "azar ao jogo, sorte ao amor", devo estar prestes a encontrar alguma moça prendada que me satisafaça todos os caprichos.

Mas nem por isso deixo de ser um encalhado. Se formos a julgar pela duração média das minhas relações, mesmo que apareça a tal moça prendada, para o ano por esta altura já estarei novamente apto a participar no grande evento anual dos encalhados...

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Ritual Anual do Encalhado 2006

Vamos a preparar a escrita que temos muito que contar.

Encalhados

Inês Lamarencalhada
Gonçalencalhado
Ritencalhada
Sousencalhado
Escafandro Encalhado
Mourinho Encalhado
Marcos Encalhado
Natacha Encalhada
Le Fantencalhado

Hino Encalhado

Nós somos os puros encalhados
vivemos com os olhos esbugalhados
fizemos uns versos engraçados
e ja estamos embriagados!

Lincalhados