DOMINGO PÓS-PACHANGA
Escrevo num dia de meteorologia temperamental, com a chuva e o sol a disputar as atenções, o vento a abanar as estruturas da sociedade domingueira e uma ligeira dor de cabeça a ilustrar as boas horas a que me deitei.
Nestes dias o tempo passa de outra maneira. O ritual do pequeno-almoço confunde-se com a leitura calma do livro de cabeceira, o passear lânguido pela casa acompanha o som da melodia menos provável, a timidez da ida à janela para "ver o tempo" demora-se e tudo isto parecem excepções à regra ao nervoso miudinho do dia-a-dia.
A combinar com este cenário recordo a noite passada, a tal que me destinou a dor de cabeça simpática que me acompanha. Chamo-lhe simpática porque realmente não incomoda por aí além, é mais a prova da noite anterior e da presença viva da cabeça.
Indo directo ao assunto, informo que a minha intenção é relatar a noite passada e assim o vou fazer sem mais rodeios. Ontem comemorou-se o primeiro aniversário do blog Mundo Pachanga. O jantar foi num escondido restaurante de Santos onde couberam 3 festanças ao mesmo tempo. Os empregados também eles vestidos de verde pachanga, fizeram uma maratona para servir tanta gente e conseguiram que ninguém de lá saísse com fome. Após o divertido jantar as Pachangas distribuíram os convivas por grupos e o grande jogo Pachanga começou. A primeira prova foi um questionário de múltipla escolha sobre o verde Mundo Pachanga. Seguiu-se uma prova que consistia na redacção de cinco frases que caracterizassem o Mundo Pachanga e para finalizar os concorrentes tiveram de interpretar a sua ideia de dança Pachanga. Como estou ligado às raízes do meu povo, juntei uma dança tradicional dos lenhadores de Góis na Serra da Lousã, com um minuete francês do séc. XVI cheio de classe e saiu algo que será lembrado no futuro por todos os presentes.
Depois dos Bisques e das contas feitas partimos em busca de um verde bar e encontramo-lo facilmente. Era verde por fora, laranja por dentro e estava cheio de clientes verdes, nós pela indumentária e os restantes pela idade. Passado pouco tempo, parte o grupo masculino presente começou por provar que pode sair à rua sem envergonhar ninguém, bem pelo contrário. Dando um exemplo de respeito pelo passado e visão no futuro, estreou na capital uma versão da dança dos "Bois de Amarante" ao ritmo da música tecno. Obviamente que as Pachangas ficaram de tal forma contentes com a iniciativa que tentaram ensinar-nos uma dança Pachanga mais oportuna.
No ar havia o plano de conquistar a Jamaica. Confuso com os copos acabei por não perceber se se referiam à fatídica discoteca do Cais do Sodré ou à equipa Olímpica presente em Turim. Seguimos então na direcção do Cais do Sodré e de Turim mas pelo caminho parámos num bar inglês. Desde sempre experimentados na prática do balconismo, o colectivo Pachanga e amigos ocuparam todo o extenso balcão do bar. As conversas fluíram o tempo suficiente para olvidar o plano de conquista da Jamaica e mais bebidos e cansados regressámos lentamente a Santos. Despedimo-nos, dividimos boleias e seguimos caminho.
Uma noite calma e muito Pachanga, para acompanhar de preferência com Debussy e duas pedras de gelo.
Que comemorem muitos mais aniversários são os votos deste Encalhado.