A caminho do trabalho esmurrei três casais que ousaram dar as mãos, conspurcando assim o glorioso dia dos encalhados. Também pisquei o olho a uma não encalhada, o que provocou uma crise de ciúmes do não encalhado que a acompanhava.
Momentos mais tarde, enquanto degustava umas papas de sarrabulho e um joy limão na esplanada mais concorrida do quartier, vejo aproximar-se o jovem não encalhado.
O receio pela minha integridade física cedo se esvaneceu pelo rasgado sorriso que o jovem ostentava. De olhos lacrimejantes, ajoelhou-se à minha frente (tal como viria a fazer a não encalhada que o acompanhava momentos antes, mas por motivos bem diferentes...) e disse, num francês quase perfeito mas com um ligeiro sotaque da Guadalupe:
"Muito obrigado! Há meses que procurava uma oportunidade para retornar ao mundo idílico dos encalhados, mas a puta não me dava abébias! O sorriso dela depois do teu piscar de olho foi tudo o que precisava para a mandar com o caralho ao circo. Agora sou novemente um homem a sério!"
Terminei o meu joy limão, obriguei o Jean-Louis a pagar a conta e fui consolar a moça como só um encalhado sabe fazer. Duas vezes. Depois vim trabalhar.